Uma das principais transformações sociais ocorridas nas últimas décadas do século passado traduz-se no designado fenómeno do envelhecimento demográfico. O prolongamento da esperança de vida associado aos progressos das ciências médicas, à melhoria geral das condições de vida e à maior cobertura e eficácia dos sistemas de cuidados, traduziu-se, a par da quebra dos nascimentos, quer no aumento do peso relativo da população idosa no conjunto da população mundial e europeia, quer no aumento dos grupos de pessoas idosas de idades mais avançadas.
O envelhecimento humano e a velhice foram, durante muito tempo e quase exclusivamente, objectos de estudo da medicina. A partir de meados do século XX um outro questionamento é construído. As alterações demográficas verificadas durante o século findo, produzidas no contexto das profundas transformações sociais e económicas que atravessam as nossas sociedades, levantam novas questões.
A procura do saber sobre as interdependências entre o envelhecimento humano e social, designadamente ao nível do impacto dos fenómenos do envelhecimento nas estruturas familiares, na economia, na protecção social, no direito, nas representações sociais sobre a vida, a morte e a velhice, nas práticas culturais, na relação com o tempo, deu lugar à construção de uma área transdisciplinar do conhecimento que tem sido designada de gerontologia social, e cuja importância para qualificação das políticas e intervenções sociais na velhice e face ao envelhecimento vem sendo crescentemente reconhecida.
No entanto, a magnitude do fenómeno do envelhecimento e a complexidade das problemáticas da velhice, requerem que se equacione, no primeiro ciclo de formação, um perfil profissional que, sem prejuízo de uma componente generalista, se oriente, à partida, para uma qualificação profissional para a intervenção social com pessoas idosas, integrando os saberes base das ciências sociais e humanas e o conhecimento que, de forma inter e transdisciplinar, vem sendo a ser construído no domínio da gerontologia social e, particularmente, na sua intervenção.
Importa ainda referir que, a área do envelhecimento e da velhice, é, sem dúvida, um dos domínios onde é mais seguro projectar necessidades de formação de profissionais, uma vez que este é, sem dúvida, um dos "mercados" mais estabilizados nas próximas décadas em termos de trabalho para as novas gerações de jovens habilitados com formações universitárias ou politécnicas ao nível do primeiro grau de ensino superior. Do mesmo modo, esta proposta de formação constitui igualmente uma oportunidade de qualificação de um elevado número de trabalhadores, mormente das instituições privadas de solidariedade social, detentores de estudos secundários e podem deste modo encontrar uma nova oportunidade de prosseguimento de estudos superiores.