A família detém, na actualidade, uma considerável centralidade, no universo dos valores e enquanto representação, reunindo um impressionante consenso quanto à importância no quotidiano, nomeadamente, a satisfação e segurança afectivas que proporciona. Porém, de forma paradoxal, embora a família seja representada como um local de afeição e entendida como «refúgio» contra as pressões sociais a que os indivíduos estão sujeitos, vários estudos parecem apontar a instituição familiar como sendo, surpreendentemente, uma das mais violentas: afectividade e violência parecem coexistir no seio das relações familiares, nomeadamente, no que respeita à relação conjugal e à relação pais-filhos.
Assistimos, actualmente, a uma crescente consciencialização para o fenómeno da violência na família e, de igual modo, constatamos uma maior preocupação por parte dos políticos em estabelecer medidas de protecção e em encontrar formas de apoio concreto às vítimas.
A ideia de criar um curso de pós-graduação com uma perspectiva multidisciplinar no âmbito da violência familiar vem ao encontro desta procura cada vez mais premente em querer estudar e compreender o fenómeno da violência para melhor o poder combater e/ou evitar.